O que ficou provado para mim na última quinta-feira, 22 de abril, é que Bauru precisa de rock. Para não falar em proporções nacionais.
Na noite do dia 22, Bauru recebeu a banda baiana Vivendo do Ócio. Como em outros meses, a unidade bauruense manteve a programação do chamado “espaço indie”. Mas dessa vez me surpreendi com a forma que o espaço estava preenchido, bem preenchido, um ótimo público se compararmos com outras edições e ninguém estava imune ao rock.
Vivendo do Ócio já ganhou repercursão ganhando prêmios de revelação e respeito mesmo precoce. Aparecendo na grande mídia, consegue gerar burburinho, mesmo que o público não saiba muito bem o que esperar. Antes do show que atrasou 15 minutos, enquanto a banda passeava pelos corredores, ouvi um diálogo mais ou menos assim: “Nossa, quanta gente. A banda que vai tocar é boa?” “Não conhece muito, mas eles já tocaram no Altas Horas”.
No público visualmente heterogêneo, o gosto comum estava estampado na cara da maioria logo nas primeiras músicas, cabeças balançando, mãos batendo nas pernas e pés batendo no chão. Se os tiozinhos não sabiam cantar, tinha uma platéia jovem que balbuciava timidamente as letras. Os estranho era ver uma platéia acomodada e sentada, até Jajá – vocalista da Vivendo do Ócio – lembrar que aquilo era um show de rock.
Antes disso, a banda não se entrosava muito perfeitamente com o público. No início do show, quando Jajá agradecia a presença do público, alguém gritou “vem de novo”, o baiano entendeu “mentiroso”. Disse que o fã estava errado e recompensou o público com Rock – o mal entendido pode ter tido um saldo positivo – mesmo que ninguém estivesse entendendo nada. E, nem sei se esse parágrafo ficou claro, também. O pedido de desculpas veio pelo Twitter.
O show curto mostrou que o Vivendo do Ócio é muito melhor ao vivo e pessoalmente que nos discos. Supera espectativas a força das guitarras e do baterista. Diego – o cara em questão – merece menção honrosa, quebrou tudo na bateria, muito fôlego e vontade, deixou todo mundo que saia do show pensando “que cara louco”. A banda toda entrou em campo com vontade o bastante para estourar a corda do baixo na primeira música.
No final do set, covers de The Doors, versão da banda para “Break On Trough” está em um coletânea da Deckdisc; Arctic Monkeys, “Dancing Shoes”, e Raul Seixas, “Carimbador Maluco”. Fechando com o primeira hit da banda: “Fora, Mônica”.
A banda merece destaque tanto por sua apresentação forte e potente, e muito mias por se diferenciar das novas bandas a ganhar a mídia mais por moda que por competência. Me vieram reclamar até da falta de erros – que o rock pode precisar. O som alto levava a refrões pouco manjados e menos repetitivos, ninguém ali esperava “pela última vez”.
A apresentação do grupo, levando gente de diversas idades, mostrou o quanto os bauruenses querem mais rock, muita vezes restritos às pequenas aparições no underground mantido pelo Fora do Eixo e o Enxame Coletivo, ou às festas nas repúblicas universitárias.